O DIA DO TRABALHADOR
- Amir Khair
- 1 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Neste Primeiro de Maio, trabalhadoras e trabalhadores têm pouco para comemorar.
Um em cada quatro brasileiros com idade e desejo de trabalhar não consegue uma ocupação regular. Ao todo são 28,3 milhões de pessoas que estão desempregadas, em bicos ou que por algum motivo como saúde ou desalento não conseguiram buscar trabalho.
Divulgada ontem, a Pesquisa Nacional por Amostra Domicilia (PNAD) registrou uma Taxa de Subutilização da Força de Trabalho de 25% (!) no trimestre encerrado em março, a maior da série histórica iniciada em 2012.
Segundo a pesquisa, a taxa de desocupação chegou a 12,7%, são 13 milhões de pessoas que buscam e não encontram uma ocupação.
As críticas à atual gestão do Presidente Bolsonaro e à política econômica sob a condução do Ministro Paulo Guedes, não são no sentido de cobrança de resultados imediatos, o que seria impossível em cem dias. O problema está na orientação e no sentido da Política Econômica.
Frente a um grave problema de estagnação da economia, com ampliação da pobreza e altas taxas de desemprego, o Governo insiste com maior ênfase na contração das despesas públicas e na diminuição de custos do setor privado, em ambos os casos em detrimento dos direitos sociais e do trabalho da grande maioria da população.
O governo segue sem enfrentar o grave problema do custo financeiro da dívida pública causado pelas taxas de juros, que corroem as finanças públicas em 400 bilhões de reais anuais, o que significa uma brutal transferência de recursos da população para o setor financeiro. Também, sem buscar soluções para diminuir as estratosféricas taxas de juros cobradas às famílias, determinante principal do grau de inadimplência e principal entrave à ampliação do consumo. O Governo Bolsonaro em sua cruzada ultraliberal aprofunda a cartilha Reformista do Governo Temer.
Os recentes contingenciamentos do orçamento público, em importantes áreas como a educação combinado com a paralisia da espera da Reforma da Previdência apontam para mais um ano perdido na economia.
Em relação à retomada dos investimentos, o que ocorre é a imprevisibilidade e despropósitos de pautas não econômicas, como na política externa e nas trombadas públicas de membros do governo. Somado às incertezas no cenário internacional, seja nas projeções de retração do comércio internacional e nas dificuldades econômicas da Argentina, importante parceiro comercial, não indicam para uma maior atratividade para investimentos.
No lado das expectativas, a estagnação do consumo e a falta de expectativa de reação não incentiva os investimentos privados, e mantém os elevados patamares de ociosidade na capacidade produtiva instalada.
Mesmo se obtiver algum sucesso na aprovação da Reforma da Previdência, terá baixo impacto no curto prazo, inclusive nas contas públicas. O horizonte do modelo de política econômica da gestão Bolsonaro – Paulo Guedes, se sustenta na esperança de entrada investimentos externos para compra de ativos, principalmente públicos, e nos canais financeiros de curto prazo e especulativos. Mas isso muda a vida daqueles que estão desempregados ou em condição de pobreza?
A cartilha ultraliberal do Governo Bolsonaro ao amarrar os gastos públicos e desprezar o essencial, que é a qualidade do gasto, deixa o Estado inerte frente aos problemas do desemprego, pobreza, ociosidade na capacidade produtiva, saneamento, educação e segurança. Ao mesmo tempo, ao privilegiar apenas a rentabilidade do Capital, em especial o financeiro, agrava as desigualdades sociais e econômicas.
Um terço da população brasileira, desempregados e pobres, não cabem no modelo econômico adotado pelo Governo Bolsonaro.
Aos trabalhadores, frente às investidas sobre seus direitos, cabe a mobilização e resistência contra essa política e exigir o respeito aos direitos constitucionais ameaçados. O 1º de maio é ponto de partida da reação.




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