TIRO NO PÉ

Enquanto o governo joga toda energia na aprovação da proposta de Reforma da Previdência, como pré-condição para iniciar o crescimento econômico, a economia segue patinando sem perspectiva se sair da estagnação ocorrida nos últimos dois anos, após a severa recessão de 8% vinda de 2015/2016.

O crescimento depende fundamentalmente da demanda agregada, composta em 65% pelo Consumo da Famílias, 20% pelo Consumo do Governo (federal, estadual e municipal e 15% pelo Investimento. O fator Externo (Exportação menos Importação) tem tido pouca influência nessa composição.

O principal motor da economia, que é o Consumo das Famílias está contido devido: a) ao alto nível de desemprego de 12%; b) da subocupação (desemprego, bicos e desistência de procurar emprego) de 27 milhões; c) ao elevado endividamento agravado por altas taxas de juros do crediário; d) à piora na qualidade do emprego, com forte crescimento do trabalho temporário e informal, resultado da reforma trabalhista.

Quanto ao Consumo do Governo devido à restrição fiscal, consequência direta da estagnação econômica, que derrubou a arrecadação, da elevada conta de juros e a contenção de despesas, o efeito esperado é de contração fiscal, rebaixando o Produto Interno Bruto.

Restou o Investimento, que depende em cerca de 90% das empresas, que diante da falta de perspectiva e da elevada capacidade ociosa tendem a direcionar recursos para a compra de títulos do governo, ao invés de correr riscos no mercado.

A última esperança seria o leilão de Concessões, mas a precariedade advinda do risco político de um governo cheio de problemas e sem rumo é barreira ao risco de investimentos de longa maturação.

Sem remover as barreiras que travam o consumo a estagnação persistirá nos próximos anos e caso ocorra a aprovação dessa reforma da previdência é certo que seu impacto irá reduzir mais ainda os recursos que se destinam às camadas de renda média e baixa num autêntico tiro no pé.