QUE DEMOCRACIA?

O ex-presidente americano Abraham Lincoln fez em 19 de novembro de 1863 um discurso histórico no campo de batalha de Gettysburg em homenagem aos soldados americanos mortos em combate na Guerra de Secessão. Nele vale destacar seu conceito de democracia que se tornou famoso: “Estamos aqui altamente decididos que estes mortos não devem ter morrido em vão – que esta nação terá um novo nascimento de liberdade e que o governo do povo, pelo povo, para o povo, não perecerá da terra.”

Esse conceito retrata de maneira simples e direta o modelo que deveria ser seguido por todos aqueles que amam seu país e que tem ideias de justiça e solidariedade na vida em sociedade.

Na realidade vivemos num arremedo de democracia, onde as instituições estão de costas para a sociedade e o poder político se associa ao poder econômico e saqueiam recursos públicos.

Esses recursos são extraídos pelos governos nos seus três níveis (federal, estadual e municipal) sob a forma de tributos que deveriam ser geridos em prol do povo. Seus gestores são pagos pelo povo para agirem em seu nome.

Nos regimes capitalistas a expressão que melhor define o sistema político é o governo do capital, pelo capital e para o capital. Nos regimes socialistas é o governo do partido, pelo partido e para o partido. Nas ditaduras de qualquer coloração é o governo do ditador, pelo ditador e para o ditador.

Sobre o conceito de democracia vale, também, destacar a diferença existente no Preâmbulo da Constituição americana, que inicia “Nós, o Povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a Justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da ... “. O Preâmbulo da nossa Constituição é: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar......”

Lá a referência é o povo. Aqui a referência são os representantes do povo.

Como os representantes do povo são em boa medida representantes de si próprio e como na cultura do povo ficou marcada a prática democrática como a escolha eleitoral e nunca qualquer participação direta, vemos quanto afastado da democracia se vive em nosso país.

Na eleição de outubro pouco a esperar de avanço no processo democrático. Com renovação ou não a prática política deve permanecer a mesma.