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JUROS NA BERLINDA

  • Amir Khair
  • 21 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura

As análises econômicas no Brasil são em geral comandadas pelos analistas ligados direta ou indiretamente ao mercado financeiro. Diretamente como empregados de alto nível nos grandes bancos e indiretamente nas chamadas consultorias independentes, que nada mais são que empresas que têm como importantes clientes os maiores bancos.

A consequência disso é uma visão falsa da realidade econômica pelo viés que interessa aos grandes bancos. É raro encontrar na mídia análises críticas ao sistema financeiro.

Nos principais jornais, rádios e emissoras de TV o que é difundido é o pensamento conservador, que chega a ser enfadonho, pois é sempre a mesma argumentação padrão: reformas, privatização, redução do tamanho do Estado e redução das despesas sociais.

Quando tocam na questão dos juros, o prato único é a Selic. Raramente aparece alguma coisa sobre as taxas de juros cobradas ao tomador pessoa física ou jurídica.

No dia 16 (6ª feira), porém, ao abrir o jornal Valor Econômico, li um artigo da Claudia Safatle sob o título “O pesado custo da concentração bancária”. O artigo usa os dados de um estudo do economista Maurício Gutemberg, que trabalhou no Banco Itaú e foi diretor de investimento da Petros (fundo de pensão da Petrobras), no qual conclui que “em nenhum lugar da América Latina existe uma taxa de juros cobrada por empresas de cartão de crédito como a brasileira”. Para efeito de comparação, a taxa de juros real (excluída a inflação) do cartão de crédito no final de 2017 foi: Argentina, 18,3%, Chile, 19,9%, Colômbia, 24,9%, México, 17,4%, Peru (a segunda maior), 53,2%, EUA, 14,0% e Brasil, 321,0%.

A margem bruta com cartão de crédito e cheques especial em 2017, segundo o estudo, foi de 105%, o que lhes rendeu R$ 100 bilhões (!).

O economista sugere como medidas de curto prazo para reduzir essas taxas de juros: a) fim das Letras Financeiras do Tesouro (LFT), título atrelado à Selic; e b) substancial redução dos depósitos compulsórios dos bancos no Banco Central.

A jornalista aponta, entre outros fatores, a baixa concorrência no setor bancário, onde quatro bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) dominam o mercado de crédito no país.

Enquanto não forem reduzidas essas taxas de agiotagem o freio da economia continuará a frustrar o crescimento.

Resta ver se o futuro governo vai enfrentar o oligopólio bancário, um dos três maiores financiadores de campanha presidencial e ao Congresso.


 
 
 

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