ECONOMIA E ELEIÇÕES
- Amir Khair
- 16 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Depois de dois anos em recessão com perda de 3,5% na atividade econômica em 2015 e outro tanto em 2016, o IBGE apurou um crescimento de 1,0% no ano passado, o que foi comemorado pelo governo e pelo mercado com a subida na bolsa de valores.
É importante entender o que permitiu esse “feito”. A agricultura cresceu em 2017 13% devido à colheita recorde ocorrida pelo regime de chuvas favorável em todo o período entre o plantio e a colheita e explicou 70% (!) desse crescimento de 1%. Mas o benefício não parou por aí, pois a boa produção agrícola, principalmente, da soja e do milho permitiu baratear a ração animal com reflexo favorável no custo de produção da pecuária e no preço ao mercado.
Dois outros importantes fatores vieram em consequência em 2017: a) redução da inflação de alimentos que, segundo o IBGE, ocorreu deflação de 1,9% em 2017; e b) a agropecuária foi responsável por 44% das exportações favorecida pelo volume exportado, principalmente para a Ásia e pelos bons preços internacionais.
Alimentos mais baratos beneficiam principalmente a população pobre, cujo orçamento é fortemente influenciado por eles. Também, segundo o IBGE a inflação no ano passado foi de 2,95%, a mais baixa desde 1998 (1,53%) e os alimentos é que explicaram esse resultado.
Aqui cabe a pergunta: é mérito da política econômica adotada pelo governo? Não. Se não fosse as condições climáticas favoráveis a inflação de alimentos iria puxar a inflação geral para cima como vinha ocorrendo ininterruptamente desde 2010. Neste ano a produção agrícola deve ficar cerca de 4% abaixo da registrada em 2017, devendo ser a segunda maior safra da história. Isso vai permitir um comportamento inflacionário de contenção, com resultados favoráveis interna e externamente.
Apesar disso, o emprego quase não reage (quase 13 milhões desempregados e outro tanto que já desistiram de procurar emprego) e o atendimento à área social deve continuar piorando com a contenção das despesas públicas face a uma demanda crescente.
Os candidatos chapa branca (MDB e PSDB), que esperavam o impacto favorável da economia nas eleições podem tirar o cavalo da chuva, que o que deve comandar a vontade do eleitor são outras questões como melhorias na saúde, educação e maior segurança.
A conferir.




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