HÁ QUE TER ALVO!
- Amir Khair
- 19 de fev. de 2018
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Amir Khair (19/02/18)
A Esquerda vai ter sério problema nessas eleições. Como Lula não poderá concorrer, a esperança será conseguir transferir parte do seu cacife eleitoral a quem ele indicar. Como isso pode demorar aguardando as decisões judiciais que vão definir se Lula será preso ou não, o escolhido terá menos tempo para desenvolver sua campanha.
Nenhum dos nomes da Esquerda até agora (Fernando Haddad, Ciro Gomes, Jacques Wagner ou Guilherme Boulos) tem densidade eleitoral para ir ao segundo turno. A transferência de votos nessa circunstância teria que ser expressiva, o que se torna mais difícil, pois muitos Lulistas podem anular o voto seguindo a tese de que a eleição sem Lula é uma farsa, como vem circulando nas redes sociais. Assim, o tempo trabalha contra a Esquerda.
No campo oposto, a Direita se articula em disputa acirrada entre seus candidatos: Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro, Henrique Meirelles e Rodrigo Maia. A próxima pesquisa vai apontar quem vai se sobressair entre eles. O eleitorado cativo de Bolsonaro é majoritariamente anti-Lula e muito ativo nas redes sociais. A questão da segurança, que tanto assusta a população é seu ponto forte. A recente desistência de Luciano Huck pode favorecer Alckmin.
Admitindo que funcione a influência de Lula, pode chegar ao segundo turno alguém da Direita e outro da Esquerda. Caso contrário, virão dois da Direita, que é o ideal para a elite, que está de olho na alternativa Bolsonaro, que já escolheu seu guru para economia, pró-mercado financeiro.
O candidato da Direita deve seguir a agenda neoliberal do governo Temer e o da Esquerda não parece ter alvo definido de propostas a não ser combater/anular as políticas do atual governo que retiraram direitos da população.
Se a Esquerda quiser disputar para ganhar há que ter alvo definido e não apenas ser contrária às políticas neoliberais deste governo. Esse alvo deveria ser claramente os bancos, verdadeiro câncer e freio na economia, e causador do sério problema fiscal que o País atravessa.
Foram os bancos que deram a partida e comandaram essa política adotada pelo MDB/PSDB: derrubar as despesas sociais, aprovar a reforma da Previdência Social e privatizações. Tudo para ampliar seus lucros. São pragmáticos e definem bem seu alvo.
Se a Esquerda souber aproveitar o fracasso da atual política econômica, pode desenvolver a estratégica para preservar e ampliar a massa salarial, fonte primária do consumo das famílias, responsável por dois terços do crescimento econômico. Combater os bancos significa pô-los a nu no assalto dos juros que submetem as pessoas via cartão de crédito e empresas que dependem de capital de giro.
Transmitir isso à população é fundamental para a conquista de aliados nesse embate eleitoral e na consolidação da política de execução dessa estratégia.
O importante é que há que ter alvo!




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