TIRAR OS BANQUEIROS
- Amir Khair
- 16 de out. de 2017
- 2 min de leitura
Alguns sinais tímidos começam a apontar uma reação do consumo das classes de menor renda, devidos à baixa inflação, que ajuda a não corroer os salários e os ganhos das pessoas de menor renda.
É bom esclarecer que a queda da inflação não tem nada, absolutamente nada a ver com a política monetária adotada pelo Banco Central, mas, sim, com a queda forte no preço dos alimentos, graças principalmente ao recorde na produção agrícola e ao favorável regime de chuvas que há muito tempo não se via no País.
Vale lembrar que, de 2010 a 2016, foram sete anos seguidos onde a inflação de alimentos sempre ficou bem acima do índice médio de inflação medido pelo IPCA. Assim, é graças a São Pedro (e não a este governo) que sinais de reação começam a ser esboçados pela economia.
Pela política econômica defendida pelo PMDB e PSDB (Ponte para o Futuro), a recuperação econômica viria com aprovação no Congresso de um conjunto de reformas (política, trabalhista, tributária e previdenciária) que animaria as empresas a investirem. Daí sairia o crescimento.
A prática mostrou exatamente o contrário, ou seja, as empresas não estão investindo, pois estão com receio de correr riscos na aplicação do seu capital, uma vez que o cenário político é bastante preocupante. Há uma indefinição em relação às eleições de 2018 e, também, a população ainda se encontra muito endividada, com elevado índice de desemprego, o que implica no freio à propensão de consumir.
O governo fracassou nessa política de reformas, tendo sucesso apenas na aprovação da trabalhista, por conta da qual não houve nenhum esboço de reação por parte do mercado. A reforma da Previdência está se tornando cada vez mais difícil de ser aprovada no Congresso, devido à forte reação da sociedade e à proximidade das eleições do próximo ano. Portanto, ao contrário do que pretendia este governo, não são as reformas o ponto de partida para animar os empresários a investirem e, a partir daí, trazerem por consequência o crescimento econômico.
Os que propõem alternativa econômica diversa dessa adotada pelo governo identificam no consumo das famílias o fio condutor da retomada do crescimento. Esse consumo foi facilitado, como apontado, pela inflação mais baixa, principalmente de alimentos, que fez com que a população de baixa e de média renda, que gasta uma parcela importante dos seus ganhos com alimentação, possa ter gerado economia para usar na compra de outros bens e serviços. É exatamente isso que está sendo identificado nas pesquisas de consumo.
Felizmente a economia cresce por outras forças, o que mostra a pujança característica desse País. Caso o governo tivesse adotado uma política diferente da atual, incentivando o consumo das famílias em vez de apostar nas reformas e no investimento privado, nós já estaríamos em situação muito melhor (inclusive na parte fiscal), pois o crescimento econômico amplia a arrecadação em quantidade maior da atingida pelo limitado alcance da economia de despesas primárias (a que exclui juros).
Para uma reação mais forte e rápida, há que reduzir as taxas de juros do crediário, o maior freio ao crescimento. Mas, isso só virá com a expulsão dos banqueiros (Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn) do comando da economia.




Comentários