O ATRASO NO CAPITALISMO TUPINIQUIM
- Amir Khair
- 13 de out. de 2017
- 2 min de leitura
O artigo 192 da Constituição estabelece o princípio geral a ser cumprido pelo sistema financeiro: “O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram”. O descumprimento desse princípio é que é a origem dos problemas econômicos e financeiros que atingem a maioria das pessoas e das empresas que operam no Brasil.
O sistema financeiro absorve 8% do PIB, mesmo nível dos benefícios da Previdência Social que atende a mais de 30 milhões de pessoas.
Em competente artigo publicado no jornal Valor Econômico os economistas Carlos Luque, Simão Silber e Roberto Zagha mostram que desde 2005 até abril deste ano as ações do setor financeiro renderam 3,3 vezes mais que a média das ações na bolsa de valores.
Atribuem isso à elevada concentração bancária onde quatro bancos detêm 79% do estoque de crédito do País. Ao controlar o crédito, controlam o mercado e o lucro. Romper isso é quase impossível, pois o órgão que deveria controlar isso o CADE parece conivente.
Esse oligopólio causa o estresse financeiro por que passam a décadas as pessoas em seus orçamentos domésticos pelas prestações do crediário e as empresas pelo elevado custo financeiro advindo do capital de giro para suas atividades. É o roubo legalizado pelo descumprimento constitucional.
Segundo a Associação Nacional dos Executivos em Finanças Administração e Contabilidade (ANEFAC), a taxa de juros média ao ano em agosto para o crediário foi de 140% e para as empresas 68%! É o freio imposto pelo oligopólio ao resto da economia. À guisa de comparação internacional a taxa de juros ao consumidor média é de 10 pontos acima da inflação nos países emergentes e 3 pontos acima nos países desenvolvidos. Aqui está em 132 pontos (140 menos 8)!
O que estranha é a ausência de questionamento a essa pilhagem contra a sociedade. Governo, mídia, analistas em geral, compactuam e/ou se omitem em questionar essa anormal situação.
Dá para entender a posição do governo, que sempre foi eleito com forte aporte de recursos para as campanhas eleitorais pelo setor financeiro. Quanto à mídia pelo alto faturamento das verbas publicitárias. Exemplo é a Crefisa agiota mór desse mercado cobrando taxas de juros ao crediário de 24% ao mês, que patrocina o Jornal Nacional e Domingão do Faustão.
Sem romper com essa prática oligopolista o setor financeiro continuará a dar as cartas na economia sugando a sociedade e impondo o atraso ao próprio sistema capitalista tupiniquim.




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