O BÊ-A-BÁ DA INFLAÇÃO
- Amir Khair
- 11 de out. de 2017
- 2 min de leitura
O indicador oficial da inflação é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). É calculado desde 1980 pelo IBGE e reflete o custo de vida para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários-mínimos. A pesquisa de preços é feita em nove regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba), além dos municípios de Goiânia e Brasília. Cada item componente do IPCA tem um peso relativo que procura expressar sua importância no orçamento doméstico.
DETERMINANTES DO IPCA
O IPCA é influenciado em 40% pelos Bens Comercializáveis, 36% pelos Não Comercializáveis e 24% pelos Monitorados. Vejamos esses componentes.
# Comercializáveis - São todos os bens sujeitos à concorrência externa. A evolução dos seus preços depende do mercado internacional, que desde a crise de 2008, passa por acirrada concorrência.
Nos últimos 12 meses encerrados em agosto, ocorreu deflação de 0,4% e, durante todos os meses desde ano até agora, essa inflação sempre ficou abaixo do IPCA. Integram esse item os alimentos onde neste ano a safra é recorde, contribuindo para a queda da inflação.
# Não-comercializáveis - São basicamente os serviços que não estão sujeitos à concorrência externa. O preço dos serviços depende da lei da oferta e da procura, pois é quase um mercado perfeito com milhões de consumidores e de prestadores de serviços. Além disso, a internet popularizou ainda mais a concorrência. Desde 1997 até 2004 contribuíram para baixar a inflação e a partir de 2005 até 2014 passaram a ser o vilão da inflação. A razão para isso é maior demanda do que oferta pelo acelerado crescimento da classe C. Com a recessão passaram a contribuir para a queda da inflação a partir de 2015.
# Monitorados - São os que dependem de decisões do governo, como: energia elétrica, combustíveis, tarifas de água e esgoto e de transporte coletivo, que são os mais importantes. Esses preços evoluíram acima da inflação desde 1995 até 2006, com média anual de 13,9% (!). A sociedade teve que aguentar isso, que é um subproduto da privatização marcada por forte elevação de tarifas para ampliar lucros para o setor privado.
De 2007 a 2014 tiveram crescimento médio anual de 3,7%, agindo como freio à inflação. Que o diga a Eletrobrás e a Petrobras, que sofreram pesadas perdas econômicas e financeiras. Essa última foi fragilizada pelo governo, ignorando a posição estratégica para enfrentar o desafio do pré-sal sem os recursos para isso. Essa política desastrosa foi desmontada em 2015, quando os preços monitorados subiram 18,1%!




Comentários