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FALSO REMÉDIO

  • Amir Khair
  • 6 de out. de 2017
  • 2 min de leitura

O que inviabiliza a política econômica é o fantasma da inflação, ou seja, a ameaça de surto inflacionário. Aniquilou o crescimento no governo FHC, que abusou da Selic elevada para combatê-la, não deixou aproveitar melhor o surto de crescimento internacional e o boom das commodities no governo Lula e frustrou o crescimento desde 2011 até agora.

A inflação atinge a todos, reduzindo o poder de compra e prejudica sobretudo os mais pobres, que têm menos condições de se defender da alta de preços. Portanto, o enfrentamento da inflação é prioridade de qualquer governo. Mas como enfrentá-la?

FALSA SOLUÇÃO

O pensamento dominante, ditado pelo mercado financeiro, é o uso da Selic como o remédio para controlar a inflação. É aí que ocorre o pulo do gato, ao se afirmar que precisa subir a Selic se a inflação sobe. Fato é que sempre a Selic esteve muito acima da inflação e não serviu para abaixá-la. O que está abaixando a inflação é a queda no preço dos alimentos, devido ao regime favorável de chuvas, e a redução do preço dos serviços devido à queda da demanda provocada pela recessão prolongada. Alimentos e serviços influenciam 60% do IPCA. Tanto alimentos como serviços não são influenciados pela Selic.

Ignorar isso denota o atraso na política econômica do País. O consolo é que já foi pior: No governo FHC a Selic média foi de 22,2%, no de Lula 14,9% e Dilma 10,8%. Visando derrubar a inflação Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central (BC) durante todo segundo mandato de FHC (1999/2002) inaugurou o regime de metas para a inflação posicionando a Selic no seu recorde histórico de 45%! A banca internacional vibrou junto com os rentistas domésticos. Esse instrumento se mostrou tão ineficiente que em dois dos quatro anos desse economista à frente do BC a inflação ultrapassou o teto da meta, e a inflação média desse período foi de 8,8% ao ano!

É mais provável que uma elevação da Selic prejudique mais a oferta do que a demanda, pois onera as empresas no custo financeiro e no capital de giro, o que pressiona preços, e quase não mexe na demanda, pois, num país de alto spread bancário a eficácia da alteração da taxa básica de juro pouco altera a taxa de juro do tomador.

Mas alguns ainda defendem que o BC ao usar a Selic estaria orientando as expectativas dos agentes econômicos para a fixação dos preços. Mas essas expectativas se dão pela consulta à inflação passada e presente. Nada a ver com a Selic.

Além disso, segundo o BC, a alteração da Selic leva de seis meses a um ano (?) para surtir efeito. Nesse período tanta coisa pode acontecer que torna impossível caracterizar o eventual efeito.

PROPOSTAS DE COMBATE

Existem políticas adequadas para enfrentar a inflação como:

a) a desoneração de produtos de consumo popular;

b) redução das taxas de juros do crediário;

c) estímulos à oferta por empréstimos com melhores condições;

d) controle de preços aos monopólios e oligopólios;

e) redução dos tributos sobre bens e serviços; e

f) redução dos gravames sobre matérias primas básicas à produção.

Chega de envenenar a economia com taxas de juros elevadas. Há caminhos mais eficazes (e em linha com a experiência internacional) que vale considerar.


 
 
 

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