PT: ASCENSÃO E QUEDA
- Amir Khair
- 23 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
O PT nasceu embalado pelo sonho de ver transformada a sociedade na busca de maior justiça social, distribuição de renda e condições de trabalho voltadas para satisfazer as necessidades básicas da vida - valores que atendem aspirações de uma sociedade em evolução rumo à igualdade de oportunidades e de solidariedade entre as pessoas.
Na sua origem se estruturou com militantes integrados nas lutas sociais e sindicais que atuavam em núcleos voltados aos interesses nos locais de moradia e de trabalho. Foi formado por lideranças sindicais. Lula à frente de intelectuais e lideranças de esquerda egressos de movimentos sociais e da igreja católica. Assim, foi crescendo em velocidade meteórica, acumulando vitórias. Sua fonte de recursos era a contribuição voluntária de seus militantes e simpatizantes.
Aos poucos foi conquistando prefeituras e inovou o modo de governar, atendendo à pressão dos movimentos sociais, normalmente liderados por militantes ou simpatizantes do PT. Merece destaque o "orçamento participativo", onde as prioridades a serem nele incorporadas vinham da interação entre demandas da população captadas em assembleias por regiões e os objetivos da administração.
As conquistas de prefeituras, depois, de governos estaduais e, por último, do governo federal (2002) foram substituindo quadros do partido que se deslocaram para cargos e funções da máquina pública. Se por um lado isso aumentou o poder político do PT, por outro, por força da necessidade de governar, acordos com outras forças políticas foram gradualmente trazendo os vícios que sempre foram carregados pelos partidos que já assumiram o poder.
Entre esses vícios o "patrimonialismo" (o Estado como patrimônio do governante), no caso, patrimônio do partido, em seguida, também de dirigentes. Assim, foi num crescente a avalanche de desvios de recursos públicos para benefício do partido e de seus membros, seja em termos de valor, seja em ocupação fisiológica de cargos públicos. A debandada de militantes foi se dando na medida em que o PT foi se afastando de suas finalidades.
Os escândalos, segundo os meios de comunicação da época, foram se sucedendo já nas prefeituras com destaque, na contratação da empresa de contabilidade CEPEM, que foi acusada de repassar ao partido recursos oriundos das prefeituras sob direção do PT. Figurava como sócio um compadre de Lula. O escândalo estourou com a prefeitura de São José dos Campos, cujo secretário de Finanças tornou público manobras criminosas desta empresa. O acusador acabou sendo expulso do PT.
Mas, a escalada de escândalos seguia forte no governo Lula. Começou com Valdomiro Diniz, sob a orientação de José Dirceu, Ministro da Casa Civil encarregado da relação política entre o governo e o Congresso. Este cidadão fazia os contatos políticos e foi flagrado em gravação solicitando propina. Mas para ter governabilidade o governo, além da prática de ceder cargos aos aliados, usou o direcionamento de recursos públicos de empresas com interesse no governo federal para partidos e dirigentes aliados.
O maior escândalo até então, no entanto, foi o conhecido como "Mensalão", que custou a cabeça de José Dirceu, do tesoureiro Delúbio Soares, do secretário geral Silvinho e quase a de Lula. O ápice de escândalos se deu com o "Petrolão", envolvendo Dilma e Lula, bem como vários dirigentes petistas e de vários partidos.
A sucessão de fatos e de delações premiadas pôs uma pá de cal nas pretensões políticas do PT, que sofreu fragorosa derrota nas eleições municipais de 2016, sofrendo grande encolhimento pela debandada de importantes quadros políticos. Resta, contudo, a esperança de reconquista do poder nas eleições de 2018 caso Lula possa disputá-las, mas muita água ainda vai rolar debaixo da ponte.
É lamentável que um partido que liderou importantes transformações sociais tenha se maculado com a corrupção e traído a população que devia defender.




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