OPORTUNIDADE PERDIDA
- Amir Khair
- 22 de ago. de 2017
- 2 min de leitura
No dia 30/04/12 a ex-presidente Dilma Roussef usou cadeia nacional de rádio e TV para reafirmar seu compromisso em trazer as taxas de juros do sistema bancário para níveis civilizados e atacou os bancos privados que sempre praticaram taxas em níveis insustentáveis. Campanha publicitária foi articulada para facilitar ao público o acesso a condições melhores no crediário ao buscar novas alternativas de financiamento.
O combate à agiotagem bancária ganhou naquela ocasião corpo e apoio na sociedade. No Dia do Trabalho daquele ano as centrais sindicais colocaram em destaque essa questão.
Os primeiros seis meses desta campanha foram marcados por forte redução nas taxas da Caixa Econômica Federal e redução não tão intensa no Banco do Brasil. Os bancos privados reduziram suas taxas, mas bem menos do que fizeram os bancos oficiais. Passado esse período de acomodação, os bancos privados voltaram gradualmente a elevar suas taxas, aproveitando que a pressão do governo tinha amortecido.
Faltou nessa estratégia do governo, no entanto, complementar a redução nas taxas dos bancos oficiais com novas medidas para forçar os bancos privados a operarem com taxas equivalentes às praticadas pelos bancos oficiais.
Entre elas vale citar duas:
a) redução da Selic ao nível da inflação, como ocorre tanto nos países emergentes quanto nos desenvolvidos; e
b) reduzir, tabelando as escorchantes tarifas nos serviços bancários.
Essas medidas reduzem duas importantes fontes de lucro dos bancos, induzindo-os a compensarem essa redução pela maior oferta de crédito. Isso aumentaria a disputa entre os bancos pela conquista de clientes, com reflexo na redução das taxas de juros. Seria o mercado agindo para tornar o sistema bancário mais competitivo.
Não o é, pois os bancos podem se dar ao luxo de só financiar os ditos bons clientes, pois seus ganhos são engordados pelas aplicações sem risco nos títulos oficiais (ganhos de tesouraria) e pelas tarifas bancárias que sozinhas cobrem todo o custo fixo bancário.
A não continuidade da ofensiva governamental (não se tocou mais no assunto) foi agravada pela retomada da elevação da Selic naquele ano, o que enterrou a iniciativa. Apesar disso, ocorreu uma redução das taxas apoiada quase que exclusivamente nas instituições oficiais.
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que registra as taxas de juros dos sistemas bancário e do comércio evidenciou a redução que ocorreu. Antes da ofensiva governamental, a taxa à pessoa física girava no entorno de 120% ao ano e à pessoa jurídica no entorno de 60% ao ano. A redução ocorrida levou-as respectivamente a 90% e 45%. Atualmente estão em 140% e 69%.




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