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VISÕES EM DEBATE

  • Amir Khair
  • 18 de jul. de 2017
  • 2 min de leitura

Nos cinco anos (2004-08) que antecederam a crise do subprime nos EUA, o Brasil cresceu à taxa média anual de 4,8% e nos cinco anos após a crise (2009/2013) essa taxa caiu para 2,7% e não parou mais de cair.

Tentando explicar esse mau desempenho, algumas análises culpam o governo anterior de priorizar o consumo em vez do investimento. Justificam com dois argumentos:

a) o consumo atingiu seu ponto de saturação pelo excesso de endividamento das famílias e;

b) que o investimento está aquém do nível considerado necessário (22% do PIB) para fazer o crescimento passar a 4%, a 5%.

Não creio. Senão, vejamos.

A tese do esgotamento do consumo deve ser vista com reservas. É fato que parcela da população se encontra com menor disponibilidade financeira face aos empréstimos contraídos, mas não é o nível de endividamento que lhe tolhe as compras, mas, sim, a taxa de juro elevada que cria prestações que consomem parte do orçamento doméstico.

Dilma assumiu posição corajosa face às escorchantes taxas de juros bancárias em abril de 2012, levando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a reduzir suas taxas de juros e apelando aos bancos privados que fizessem o mesmo. Mas não deu a devida sequência à iniciativa tomada e assim, embora os bancos oficiais tenham seguido as ordens da ex-presidente, os bancos privados reduziram em média apenas 10% sobre as taxas que vinham cobrando e face à falta de sequência da ação governamental, seis meses após retornaram às taxas que haviam praticado.

Quanto aos investimentos e ao famoso número que deve atingir 22% do PIB não há base empírica que sustente isso. Fato é que não há relação entre taxa de investimento e crescimento.

Considerando médias anuais, na década de 50 o crescimento foi de 7,4% e a taxa de investimento 15,5%; na década de 60 o crescimento foi de 6,2% e a taxa de investimento 16,4%; na década de 80 o crescimento foi de 1,6% e o investimento 21,9% (!). Nos cinco anos antes da crise (2004-08), o crescimento foi de 4,8% e a taxa de investimento 17,0% e, nos cinco anos após a crise (2009-13), o crescimento foi de 2,7% e a taxa de investimento 18,6%.

Há que se discutir melhor, portanto, essa questão do número mágico de 22%. É claro que se deve estimular o investimento, especialmente do setor privado, que é o carro-chefe do investimento, responsável por cerca de 80% do mesmo. Mas para crescer o investimento privado é necessário que haja expansão da demanda, que é o faro por excelência do empresário.

Creio que não se deve opor investimento ao consumo. Ambos são imprescindíveis ao crescimento e interagem positivamente. Em termos macroeconômicos, vejo como essencial colocar no lugar as taxas de juros (Selic e ao tomador) e o câmbio para permitir o equilíbrio das contas internas e externas e devolver parte da competitividade retirada das empresas.

Vamos ver o que vão defender os candidatos na disputa eleitoral que ganhará corpo a partir de agosto quando termina o recesso.


 
 
 

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