NUVENS CARREGADAS

Bastaram vir à luz as delações de só duas grandes empresas, Odebrecht e JBS e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi a de absolver a chapa Dilma/Temer. Isto evidencia a falsa democracia que vigora no País. É apenas a ponta da ponta do iceberg que mostra a poderosa interação entre poder econômico e poder político. Um não vive sem o outro.

Sabe-se que os maiores financiadores de campanha são grandes empresas, especialmente empreiteiras, bancos e indústria de alimentos. Financiam não apenas campanhas, mas principalmente as decisões do poder político em seu favor. São bilhões de reais a regarem a cúpula política dos partidos, fraudando continuamente os interesses da sociedade em favor do poder econômico.

E ainda tem gente que fala que, apesar de toda crise, as instituições funcionam no País. Funcionam? Sim, mas a serviço dos interesses desse poder corrupto. E o eleitor funciona como massa de manobra na mão dos corruptores do sistema democrático.

Face a todos os escândalos que se sucedem a cada dia, os partidos de plantão no poder (especialmente os dois maiores: PMDB e PSDB) argumentam que "ruim com Temer, pior sem ele". Ao que tudo indica, a sobrevida dada a Temer pelo TSE pode se estender até o final de 2018 e, para isso, o argumento é a aprovação das reformas. Não vejo assim.

Na política os escândalos não vão parar por aí. Mesmo que Temer e sua camarilha escolham o novo procurador geral da República; que engavete todas as denúncias (como foi feito na época de FHC); que sejam votadas novas leis para proteger políticos da cadeia; que atire contra a procuradoria e a polícia federal, nada disso vai dar certo pela simples razão que a sociedade está farta de suportar um golpe atrás do outro a favor de a corrupção continuar livre. Nesse sentido, a força das ruas tende a crescer e tornar imprevisível o cenário daqui para a frente.

Ao invés de se dispersarem, as nuvens estão cada vez mais carregadas anunciando a borrasca.