SERÁ QUE A ECONOMIA ESTÁ SAINDO DA CRISE?
- Amir Khair
- 15 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
Apesar da enxurrada de denúncias de corrupção da camarilha que governa o País, Temer vai manobrando as instituições a seu favor. Resistiu à talvez maior pressão, que foi a do TSE, ao substituir dois membros da Corte de sua confiança e contar com Gilmar Mendes, considerado como seu aliado. Resta agora a denúncia que virá do Procurador Geral Rodrigo Janot, mas para isso conta com apoio dos deputados para sepultá-la na Câmara.
No front econômico, analistas enfileirados com o Planalto argumentam que a economia saiu da UTI e que o fundo do poço já passou com crescimento no primeiro trimestre de 1% sobre o trimestre anterior, que a inflação está controlada pelo Banco Central (BC) e abaixo do centro da meta, e que as exportações têm gerado elevado superávit comercial. Vejamos.
A alegada melhora da economia exige cuidado na análise, pois 75% do crescimento de 1% no PIB do primeiro trimestre foi devido à boa safra agrícola, graças ao bom regime de chuvas para a colheita, e às exportações das commodities. Nada a ver com a política econômica deste governo.
Quanto à retomada dos investimentos, carro chefe, segundo o governo, recuou 1,6% no trimestre em relação ao trimestre anterior e as perspectivas estão piorando devido à sucessão de escândalos e horizonte incerto para 2018.
O consumo das famílias, responsável por 2/3 do PIB não decola, pois o excesso de endividamento e de desemprego atentam contra o consumo, que caiu quase 10% desde o terceiro trimestre de 2014. Além disso, permanece a trava do crediário com 150% de taxa de juros. É a barreira que não sai do caminho.
Bancos e consultorias a eles ligadas já refazem suas estimativas considerando mais provável a tendência a outro ano de recessão.
Quanto à inflação, esta se encontra baixa, batendo em 3,6% nos últimos doze meses devido à queda no preço dos alimentos e ao bom comportamento da inflação de serviços devido à recessão. A Selic, no entanto, apesar da queda já ocorrida ainda está 6 pontos acima da inflação projetada pelo mercado financeiro, um índice dos mais elevados do mundo. As incertezas políticas vão reduzir pouco esses 6%. Isso atenta contra o crescimento e eleva o rombo fiscal e a dívida pública.
Concluo, assim, que a economia ainda navega em mares revoltos e a esperada luz no fim do túnel não foi acesa.




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