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VISÕES DIFERENTES

  • Amir Khair
  • 17 de abr. de 2017
  • 3 min de leitura

Estão em foco avaliações positivas das análises econômicas sobre as perspectivas de saneamento fiscal e retomada do crescimento.

Na política, além das eleições dos candidatos fiéis ao governo para o comando da Câmara e do Senado, o que se assiste é o esvaziamento do Centrão e a divisão na já frágil oposição, bem como o caminho aberto no Congresso para as reformas previdenciária e trabalhista. Na economia, surge a queda da inflação, favorecida pelos preços dos alimentos e valorização cambial, rumo a meta de 4,5% neste ano e redução da Selic.

Opondo-se a essas avaliações está o alto desemprego em tendência crescente acompanhado pelo elevado nível de endividamento das famílias e das empresas.

O QUE ESPERAR DESTE CENÁRIO?

As análises correntes apontam para uma retomada lenta da economia com crescimento entre 0,5% e 1% neste ano e superior a 2% em 2018. A aprovação das reformas estancaria a sangria fiscal, tornando-se a nova mola do crescimento capaz de estimular empresários a retomarem os investimentos.

É pouco provável que este cenário atenda seja o anseio coletivo, seja parcela significativa do empresariado afogada em dívidas, com perda de faturamento e custos crescentes de insumos.

Não me parece sólida a visão de que os investimentos sejam o real gatilho do crescimento. A elevada capacidade ociosa, a fragilidade do consumo devido ao desemprego e queda real de salários são sinalizadores que apontam na contramão da retomada do crescimento. Os investimentos em infraestrutura não irão compensar a perda de investimentos do setor público onde a contenção de despesas voluntárias atinge principalmente os investimentos.

O QUE DISPARA A RETOMADA DE CRESCIMENTO?

O crediário. Por três razões: a) impacta o consumo das famílias (cerca de 2/3 do PIB); b) tem largo espaço de queda, uma vez que se encontra em 157% ao ano contra uma média de 10% nos países emergentes; e c) vem ao encontro dos anseios da sociedade, que vê a carga de juros tolher seu poder aquisitivo.

Reduzir o custo do crediário tem o mesmo efeito que um aumento do poder aquisitivo sem envolver alteração na massa salarial. Sigamos um exemplo: o bem cujo preço à vista é 100, no crediário sai por 257 (157 de juros). Fosse em um país emergente, poderia ser adquirido por 110 - menos da metade!

O problema reside em como fazer refluir o custo do crediário, uma vez que a décadas convivemos com essa anomalia. Vejamos. Os bancos apresentam em balanço três fontes principais de lucros: a) aplicações em títulos do governo (ganhos de tesouraria); b) tarifas bancárias cobradas dos correntistas pelos serviços bancários; e c) empréstimos. As duas primeiras fontes (títulos e tarifas) já garantem parte expressiva dos seus lucros, permitindo, assim, posição de conforto para a prática de empréstimos sem disputa no mercado.

Em que sentido o sistema bancário pode ser levado com a redução de lucro advindo dessas duas fontes? À compensação através da ampliação da terceira fonte: os empréstimos. É claro que terão que ampliar seus mercados e se colocar em uma posição concorrencial mais intensa. Assim, à semelhança do que ocorre internacionalmente onde a oferta de crédito é a atividade principal do sistema bancário por ação de mercado, as elevadas taxas de juros refluirão para níveis mais baixos.

A Selic nivelada à inflação reduz os ganhos de tesouraria e o tabelamento com redução dos ganhos tarifários. Para isso, o Banco Central não depende do Congresso. Três ações são fundamentais para complementar essas medidas: a) dar o exemplo "dentro de casa", com a prática de redução dos spreads no Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal; b) uma campanha de esclarecimento à população sobre as medidas; e c) seguir a implementação das mesmas para reforçar o apoio na sociedade sobre os benefícios para todos.

 
 
 

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